domingo, 25 de outubro de 2009

Reflexão momentânea

Engraçado como o tempo passa, a vida passa… tudo vai e nada volta – Estamos condenados a perder. O momento da vitória é o momento em que tudo se difunde em cinzas que se espalham na infinidade deste céu; deste céu que já de tantas vitórias nos roubou o protagonismo. Então é assim que se define céu? Um manto de vitórias furtadas?! Será este o fim de todos os nossos sonhos?
Somos tão limitados, tão impotentes, tão fracos, que vemos tudo a esfumar-se diante dos nossos olhos, tudo se desvanece, e nada fazemos para deter este deus que tão descaradamente nos usurpa.

Porém, em prole deste nosso destino falhado, vivemos os melhores pequenos instantes que nos fulminam com a sua plenitude.
Enfim, é este o nosso viver, é isto o viver da vida, e é isto o melhor que podíamos pedir…

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Do vento ao mar

Trémulo, despojado, traído pela minha própria sombra, assim me encontrava, naquela fatídica noite. O vento que me envolvia o corpo com os seus gestos frívolos e infames nada me desviavam a atenção daquele, infelizmente, efémero luar, com que me fazia sonhar em calma e clareza sóbrias. Tentava de todas as maneiras abarcar a minha mente congelada pelos meus perplexos pensamentos, recorreu às árvores, às folhas, ao rio, mas nada me impedia de manter aquele transe intragável. Sim, estava possuído pela minha própria mente, emerso no meu fluir de pensamentos… O peso do enorme pedregulho, que me trasladava para um ser imóvel, não azulava. Aparentemente, fazia questão de lá ficar para sempre, até que ganhasse pó e se desfizesse com a erosão do vento e das ondas. Sentia-me a escorregar. A minha mente começava a fraquejar, cessava a dor insuportável dos meus pensamentos. Estava sozinho, já nada havia a fazer. Continuava a escorregar… Os sons insondáveis do vento, que insistiam em molestar-me, tornavam-se inaudíveis, pouco a pouco. Concentrou-se apenas a chama de fúria que ardia no fundo do meu adensado véu de lágrimas. Escorreguei, por fim, e emudeci, enquanto as águas gélidas do rio me emborcavam para as suas entranhas. Foi como cair nas mãos do Ser do Manto Negro… O pedregulho afundou-se no rio, deixando a minha mente vazia… Estava envolvido por um grande nada. Já não havia preocupações em que pensar, já não havia o vento para me irritar… Apenas o profundo azul, que me leva sepultado pelas correntes transigentes do mar.

O Todo Poderoso

Livre, destemido, imparável, incontrolável! Sou eu… Eu numa nova aventura pelos confins, nunca antes desafiados, dos quatro cantos da Terra. O sol, no alto, seguia os meus movimentos fugazes por entre o adensado negrume da Mãe Terra, que, mais uma vez, me afrontava com armadilhas inúteis, preparadas pelo seu pelotão de copas e galhos. Eu, que tudo toco e por nada posso ser tocado, ria-me, descaradamente, do fracasso desta poderosa Rainha. Também ninguém se pode queixar… São estas minhas gargalhadas que enchem uma enorme gama de seres, de pura e relaxante harmonia de espírito. São estas minhas gargalhas, que comandam a melódica sonância orquestrada pelos mais vários elementos das florestas – como o famoso ressoar das viçosas folhas, que trazem uma calma e serenidade infinitas. Que seria deste mundo sem mim?!
Sorte a vossa hoje estar bem disposto… No entanto, gosto de me regozijar com aquela raça específica, os humanos, que por vezes tanto desejavam que não existisse! Sim, eu sei muito bem! Quando se deleitam com as frescas águas do mar e eu apareço para os resfriar ainda mais… Mas admitamos, sem mim, não eram nada. Modéstias à parte, considero-me o melhor dos meus três irmãos, pois posso dizer que os influencio a todos!
Mas acima de tudo, sou eu mesmo… O mais puro que pode haver. E assim terão de viver comigo, até ao dia em que a Terra sucumbirá, e tudo o que nela uma vez foi, nunca mais o voltará a ser. Por isso, sou o que sou… E vou desfruir todos os momentos, enquanto puder ser o que mais nenhum é.

O vento…

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Improviso

Estávamos um dia à conversa no MSN, eu e a minha amiga (e também parceira de escrita) quando tivemos uma divergência de opiniões. Vou começar com duas frases que antecederam todo o grande teatro improvisado!!!

D: Mas eu é que mando! Sou o rei, posso mandar cortar-te a cabeça!
J: Eu nao sou real, nao me podes cortar a cabeça...

Foi quando se soltou a veia artística, e, sempre improvisando, criámos um diálogo entre Homem e Criação/Creatividade. (Só não sei mas por que é que nos saíu em inglês... por isso pedimos desculpa a quem não perceber xD)

D: Am i talking... to... dead people?!
J: No, I am your creative vein.
D: Then, I'll cut my veins off!
J: Ok, die then... Then you can't finish the book!
D: Yes, I can.
J: Even if you are dead?! …good luck with that
D: My living blood will write it for me! I am blood! I am death! I am Immortal!
J: I am your vein... I carry your blood...
D: Then, if you are a part of my being, you will do it as I command!!!
J: No, I am creation! You cannot master your creative mind!
D: Serve ME, oh Vein inside of my Undead Body! I will pray to the most evil night so it shall fall upon you with its darkest fears and nightmares! SHALL YOU BE DOOMED BY THE DEVIL'S BLOOD!!!!!
J: I AM CREATION, THEREFORE GOD HIMSELF. You cannot damn me to the devil, as i cannot be damned!I am light! I am material that is not touchable!I am the vein in you, who can never be severed, who cannot even bleed!!! Today, the soul of the damned will consume your ungodly wishes and deteriorate your mind into a sludge, so i can again mold! YOU CANNOT BE SERVED AS YOU-ARE-THE-SERVANT-OF-GOD!!!!!!!!!!!!!
D: Your words became flesh, oh Mighty Vein! I bow, before your power! You are God's Creation, you are a gift given to the lost souls, you are... oh Mighty Vein... You are what everyone would like to be! I beg you, on my servant knees, i beg you... Please be one with me, so shall you shine in this humble mortal body, and bring light with your creation, to every single creature of this world! I beg you...
J: Beg not, humble servant... I was always lurked near your bowels, always eluminated your thought with purity. Do not fight me, as you will only be fighting yourself, destroying the flesh that I so lovingly molded to transmit my wisdow and wishes. Do not rebeliate, let this be my only wish that I lay upon your conscience.
Mortality will rain upon every nerve, every muscle but this vein that with you I share, will remain untouched and will pump you with the juices of eternal life in my home above.

E assim foi o nosso agradável diálogo até à terra da Criatividade... Repito que nada disto foi planeado, foi um diálogo improvisado que começou numa conversa banal no MSN!

domingo, 23 de agosto de 2009

Um dia de mil anos

Este é o meu favorito, mostrei-o à minha professora de português do 10º ano e a única coisa que conseguiu corrigir foi uma virgula!!! Espero que gostem :)

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Embarco em profunda escuridão de mísero sentimento prescrito, de palavras febris e atrozes que me embalam com pesadelos perecíveis. Caio, inacabavelmente, no mais profundo sortilégio mortal que os teus lábios ditam. Olhos sangrados pela ira e tirania incessável do teu coração outrora puro… Impossível conter tais lágrimas de mil anos apedrejados, por cederes ao Mal que definha o nosso Mundo. Preterível a tal sofrimento, renego aqui, em sentença de morte declarada por mim, às maravilhas de todo um Mundo que contigo levas condenadas.
Pereço, por mais ínfimo desejo e tristeza em mim concebida, e relembro… relembro a vida como um dia sonhara existir.
Pérfido ente amaldiçoado pelo sangue impuro das tuas veias! Do mundo brotaram dias de sol, dias de prazer, mas, do teu mais obscuro ser, brotou o céu negro, as lágrimas amargas, e o pestilento cheiro que reveste agora a tua pele. Oh! Como apunhalas o coração de eterno cativo apaixonado… Como empardeces o rosto de milhares de criaturas habitantes deste reino.
Despedaças… Despedaças os vales e os rios, as montanhas e os mares, com teus actos inóspitos… Mas mais me despedaças a mim, que num dia de mil anos me condenaste ao teu berço de rancor.
Declaro agora, e descubro o manto que protege o teu nome, dizendo quem realmente és: És o Mal que o mundo merece enfrentar, és a sentença de morte de um mundo imperfeito, do qual nascerá um novo… Mais feliz, mais honesto, mais pacífico…
Tu és… o Anjo da Morte!

Introdução ao Blog

Aproveito desde já para dizer que, todas as semanas, vou publicar poemas neste blog. Claro que nem sempre se está inspirado, de modo que poderei falhar ao compromisso de vez em quando. Penso que, não há maneira melhor de começar um blog de poemas do que com um poema sobre as palavras, assim como poderão ler a seguir. Espero que gostem dos meus poemas e que reflictam com eles, pois uma poema não é a mera preconização de talento... é algo que toca bem no fundo de quem os lê! Bem vou deixar estas conversinhas e aqui vai o poema de abertura:

Palavras...

Estou aqui a tentar escrever sobre as palavras... sobre o que são, o que não são e o que podem ser. São difíceis... palavras... podem ser fúteis, podem ser complicadas, podem adquirir qualquer formato e entoação, podem ser graves ou agudas, ou podem até ser mudas!
Afinal... São palavras! O que podem não ser?! São tão livres, tão delicadas... Não precisam de ser escritas ou faladas, podem pura e simplesmente ser pensadas. As palavras são um dom... são o mais sinfónico som sem serem cantadas!
Afinal... São palavras! São o que queremos que sejam, são a fala da nossa alma que demandam independência sobre o nosso ser. Mas... palavras... o que podem não ser?! São tudo... são a fala dos nossos desejos, o fruto do nosso querer. Não percebo... as palavras... para uns dizem tanto e para outros nada. São destinadas ao propósito que lhes damos, por vezes não são ouvidas nem abraçadas, e a maior parte delas são até ignoradas!
Mas são assim, as palavras... transmitem um sentimento, dão a conhecer aos outros aquilo que somos, por isso são tão importantes!
Infelizmente, palavras, são agora reduzidas e rebaixadas, pela gente cega que não as sente!

Se precisarem que esclareça alguma frase do poema, contactem! ;)