sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Do vento ao mar

Trémulo, despojado, traído pela minha própria sombra, assim me encontrava, naquela fatídica noite. O vento que me envolvia o corpo com os seus gestos frívolos e infames nada me desviavam a atenção daquele, infelizmente, efémero luar, com que me fazia sonhar em calma e clareza sóbrias. Tentava de todas as maneiras abarcar a minha mente congelada pelos meus perplexos pensamentos, recorreu às árvores, às folhas, ao rio, mas nada me impedia de manter aquele transe intragável. Sim, estava possuído pela minha própria mente, emerso no meu fluir de pensamentos… O peso do enorme pedregulho, que me trasladava para um ser imóvel, não azulava. Aparentemente, fazia questão de lá ficar para sempre, até que ganhasse pó e se desfizesse com a erosão do vento e das ondas. Sentia-me a escorregar. A minha mente começava a fraquejar, cessava a dor insuportável dos meus pensamentos. Estava sozinho, já nada havia a fazer. Continuava a escorregar… Os sons insondáveis do vento, que insistiam em molestar-me, tornavam-se inaudíveis, pouco a pouco. Concentrou-se apenas a chama de fúria que ardia no fundo do meu adensado véu de lágrimas. Escorreguei, por fim, e emudeci, enquanto as águas gélidas do rio me emborcavam para as suas entranhas. Foi como cair nas mãos do Ser do Manto Negro… O pedregulho afundou-se no rio, deixando a minha mente vazia… Estava envolvido por um grande nada. Já não havia preocupações em que pensar, já não havia o vento para me irritar… Apenas o profundo azul, que me leva sepultado pelas correntes transigentes do mar.

O Todo Poderoso

Livre, destemido, imparável, incontrolável! Sou eu… Eu numa nova aventura pelos confins, nunca antes desafiados, dos quatro cantos da Terra. O sol, no alto, seguia os meus movimentos fugazes por entre o adensado negrume da Mãe Terra, que, mais uma vez, me afrontava com armadilhas inúteis, preparadas pelo seu pelotão de copas e galhos. Eu, que tudo toco e por nada posso ser tocado, ria-me, descaradamente, do fracasso desta poderosa Rainha. Também ninguém se pode queixar… São estas minhas gargalhadas que enchem uma enorme gama de seres, de pura e relaxante harmonia de espírito. São estas minhas gargalhas, que comandam a melódica sonância orquestrada pelos mais vários elementos das florestas – como o famoso ressoar das viçosas folhas, que trazem uma calma e serenidade infinitas. Que seria deste mundo sem mim?!
Sorte a vossa hoje estar bem disposto… No entanto, gosto de me regozijar com aquela raça específica, os humanos, que por vezes tanto desejavam que não existisse! Sim, eu sei muito bem! Quando se deleitam com as frescas águas do mar e eu apareço para os resfriar ainda mais… Mas admitamos, sem mim, não eram nada. Modéstias à parte, considero-me o melhor dos meus três irmãos, pois posso dizer que os influencio a todos!
Mas acima de tudo, sou eu mesmo… O mais puro que pode haver. E assim terão de viver comigo, até ao dia em que a Terra sucumbirá, e tudo o que nela uma vez foi, nunca mais o voltará a ser. Por isso, sou o que sou… E vou desfruir todos os momentos, enquanto puder ser o que mais nenhum é.

O vento…

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Improviso

Estávamos um dia à conversa no MSN, eu e a minha amiga (e também parceira de escrita) quando tivemos uma divergência de opiniões. Vou começar com duas frases que antecederam todo o grande teatro improvisado!!!

D: Mas eu é que mando! Sou o rei, posso mandar cortar-te a cabeça!
J: Eu nao sou real, nao me podes cortar a cabeça...

Foi quando se soltou a veia artística, e, sempre improvisando, criámos um diálogo entre Homem e Criação/Creatividade. (Só não sei mas por que é que nos saíu em inglês... por isso pedimos desculpa a quem não perceber xD)

D: Am i talking... to... dead people?!
J: No, I am your creative vein.
D: Then, I'll cut my veins off!
J: Ok, die then... Then you can't finish the book!
D: Yes, I can.
J: Even if you are dead?! …good luck with that
D: My living blood will write it for me! I am blood! I am death! I am Immortal!
J: I am your vein... I carry your blood...
D: Then, if you are a part of my being, you will do it as I command!!!
J: No, I am creation! You cannot master your creative mind!
D: Serve ME, oh Vein inside of my Undead Body! I will pray to the most evil night so it shall fall upon you with its darkest fears and nightmares! SHALL YOU BE DOOMED BY THE DEVIL'S BLOOD!!!!!
J: I AM CREATION, THEREFORE GOD HIMSELF. You cannot damn me to the devil, as i cannot be damned!I am light! I am material that is not touchable!I am the vein in you, who can never be severed, who cannot even bleed!!! Today, the soul of the damned will consume your ungodly wishes and deteriorate your mind into a sludge, so i can again mold! YOU CANNOT BE SERVED AS YOU-ARE-THE-SERVANT-OF-GOD!!!!!!!!!!!!!
D: Your words became flesh, oh Mighty Vein! I bow, before your power! You are God's Creation, you are a gift given to the lost souls, you are... oh Mighty Vein... You are what everyone would like to be! I beg you, on my servant knees, i beg you... Please be one with me, so shall you shine in this humble mortal body, and bring light with your creation, to every single creature of this world! I beg you...
J: Beg not, humble servant... I was always lurked near your bowels, always eluminated your thought with purity. Do not fight me, as you will only be fighting yourself, destroying the flesh that I so lovingly molded to transmit my wisdow and wishes. Do not rebeliate, let this be my only wish that I lay upon your conscience.
Mortality will rain upon every nerve, every muscle but this vein that with you I share, will remain untouched and will pump you with the juices of eternal life in my home above.

E assim foi o nosso agradável diálogo até à terra da Criatividade... Repito que nada disto foi planeado, foi um diálogo improvisado que começou numa conversa banal no MSN!